segunda-feira, 27 de julho de 2015

Mais além

"Há em cada ser vivo uma parte que deseja que ele se torne o que ele é: o girino em sapo, a crisálida em borboleta, o ser humano machucado em um ser inteiro. Isso é espiritualidade". Ellen Bass

"Ao vencedor...as batatas!?"

Freud tinha apenas 44 anos quando estava começando a vislumbrar que poderia ir além dos médicos de seu tempo. Estava interessado em saber do imponderável - o inconsciente psicanalítico seguiu duas pistas. A primeira, em 1900 foram os sonhos. Eles davam uma ideia ao sonhador do que o perturba, o que o move ou paralisa, o que teme e o que deseja. Apenas cinco anos depois ele escreve "Os chistes e sua relação com o inconsciente". Brincando, falamos o que não poderíamos dizer seriamente. Do humor fino, humor inteligente...o humor para poucos surge o sarcasmo e a ironia. Digamos que nestes casos temperamos a verdade com uma acidez, por vezes, tóxica para aqueles que nos ouvem. Mas não importa o tipo de humor que o leitor aprecie - ele serve muito bem ao seu próprio inconsciente. Estou refletindo hoje sobre a competição e seus derivativos. A competição começa bem cedo nos laços de família. Competimos com nossos irmãos pelo amor da mãe, pelo amor do pai, pelo bife maior. E aí que se forma a primeira semente da árvore, do arbusto ou da raiz da auto estima do sujeito. Somos seres influenciados pelas palavras. Pelo bem dito e pelo mal dito. Daí segue por toda a vida. Na escola, no amor ou no trabalho. Ser o primeiro, o melhor, o mais belo, o mais inteligente ou esperto nos levam à beira da questão ética. O importante é competir? Ou ganhar? É a dupla mensagem contraditória. "O importante é competir" <-> "O importante é ganhar!". Meu time tem fama de campeão em vice campeonatos e é motivo de muitas piadas de gosto bom ou duvidoso. Acho ótimo. Ser o primeiro às vezes cansa, estressa mesmo. A grande armadilha de acreditar demasiado no jogo da corrida é o prêmio. Machado de Assis dizia, na voz de um de seus muitos personagens: "Ao vencedor as batatas"! Um ser humano realizador e apaixonado pelo que faz pode ser fonte de grande inspiração para seus semelhantes. Ou ser odiado. Ou invejado. Mas o que é infinitamente pior: na busca pelo sucesso e o status pode jogar sujo. Cheat or Shit. E estragar tudo. Humanos precisam sim de vitórias. Necessitam de ar, um pouco de comida e água para viver. Mas necessitam de compaixão, espírito humanitário, comunicação e criatividade para continuarem vivos.

Terceiro - Ultraje a Rigor

Todo equipado, preparado na linha de partida, Daqui a pouco vai ser dada a saída Todo mundo nervoso e eu não "tô" nem aí (- "O importante é competir"!) Então tá, vamos lá, nem vou me preocupar. Já tá tudo armado pra eu me conformar. Eu vou tentar só pra não falar que eu nem sou atleta. Ia ser legal chegar junto na frente, mas iam falar que quero ser diferente. Tá bom demais, pelo menos eu não saio da reta. Por isso eu sempre sou: Terceiro! Oba, Oba!(4x) Terceiro! Pra mim tá louco de bom! Marcando passo vou seguindo, sem ser muito ligeiro. Com cuidado pra não ser o primeiro. É bonito, eu imito mas o pódio não é pra mim. (-"Eu não sou a fim!") Se eu me esforço demais, vou ficar cansado. Já dá pra enganar eu ficando suado... Se reclamarem eu boto a culpa no patrocinador!!! Não botaram fé porque não ia dar pé. Não ia dar pé porque não botaram fé. De qualquer forma, eu pego um bronze porque eu gosto da cor. Por isso eu sempre sou: Terceiro! Oba, Oba! (4x) Terceiro! Pra mim tá louco de bom!

quinta-feira, 23 de julho de 2015

“A alma humana está contida nos nervos do corpo”

O melhor romance que já li sobre para paranoia foi escrito pelo mestre Freud em 1911 - quando ele escreveu e comentou o caso do Dr. Schreber inclusive a frase que dá título a este texto é deste paciente. No início do relato são prestados esclarecimentos de que o caso não tem interferências sobrenaturais. Um aspecto interessante é que o próprio paciente redigiu um vasto texto sobre sua própria enfermidade. Corajoso em se lançar em um tratamento pouco convencional no início do século passado foi ao consultório do controverso Dr. Sigmund Freud se submeter a recém inaugurada Psicanálise. (Digo polêmico porque falava de sexualidade de uma maneira pouco usual para época e parou para ouvir as queixas histéricas). O tema do divã é o sofrimento. Isso não quer dizer que o processo é sempre da ordem da dor. Às vezes, experimentamos o gozo de uma nova compreensão de nosso passado, presente ou da visão de futuro. Também não é proibido dar boas gargalhadas diante das falcatruas do inconsciente. Voltemos à paranoia. O dito Sr. Schreber sofria de um problema grave (para a época) se espantou, ou melhor, se apavorou diante de um desejo: "ser copulado como uma mulher". O prazer em imaginá-lo foi seu grande desespero. Homem correto, honesto e respeitado profissionalmente. Era verdadeiramente aterrorizado pela fuga de uma ideia com desdobramentos delirantes para justificar ou escondê-lo. Medo. Ilha do medo. A paranoia cresce quando "estamos sozinhos, ninguém nos ouve, quando chega a noite e podemos pensar"...parafraseando uma antiga música. O ciúme excessivo e doentio só pode ser compreendido pela via do desejo. Ora, se uma mulher nutre um sentimento de posse tão acirrado – acreditando que seu homem é desejado e assediado por toda mulher que dele se aproxima. Veja que ela julga suas adversárias atraentes o suficiente para despertar-lhe o desejo. A grande questão é de quem o desejo? Do objeto do ciúme ou do próprio ciumento? Muito antes de todas as passeatas e formalização dos casamentos entre pessoas do mesmo gênero, o mestre Freud observava: “Todo ser humano oscila, ao longo de sua vida, entre sentimentos heterossexuais e homossexuais, e qualquer frustração ou desapontamento numa das direções pode impulsioná-lo para a outra”. O desejo é como meio circulante de energia entre pessoas e objetos. É por natureza deslizante e muda de alvo com liberdade – o que proíbe ou libera são as convenções da cultura. A lei do incesto é, por exemplo, uma das mais antigas e fortes destas proibições. Motivo pelo qual posso amar profundamente meu irmão Samuel (leonino e meu oposto complementar) mas não poderei desposá-lo. O sim ou não, o certo e o errado, o preto ou o branco, são polarizações que fazem com que tenhamos uma cegueira inconveniente para os cinquenta tons de cinza que temos para escolher. Finalmente, a equação paranoide: Eu o amo. Eu não o amo (negação). Ele me ama (desejo). Ele me odeia (e me persegue) gera uma atitude cansativa de ataque, ou melhor dizendo de defesa para um ataque inexistente. No cerne da agressividade paranoica está o excesso de sensibilidade. Terminam a atirar pedras no telhado alheio esquecendo-se que o deles também é de vidro.

terça-feira, 21 de julho de 2015

10 Dicas de Nutrição & Psicologia

Conselhos alimentares básicos: 1) Beba água, muita água. Algo como em torno de dois litros por dia. Mas não tudo de uma vez. 2) Se beber muita água e comer muita fibra, você irá muito ao banheiro mas não se preocupe: acostume-se com o fato de que as pessoas passam algo em torno de três anos de vida no banheiro, em média. 3) Coma de 3 em 3 horas. Mas não coma muito chocolate, nem muita gordura, nem muita massa - isso vai te fazer mal. Mas não se preocupe porque se preocupar também pode te fazer mal. 4)Se o seu nutricionista mandar comer apenas metade de uma maçã, compre maçãs pequenas e coma inteira. O que fará com a outra metade se mora sozinha? Isso vai te lembrar aquela história de outra metade da laranja e pode deprimi-lo. 5) Se elas receitam tão pouca comida por que usar o termo porção? Deveria ser "porcinha" - até porque se comer realmente uma porção, vai engordar. 6) Metabolismo lento...metabolismo rápido...tanto faz. Trata-se de uma conta simples: o que você come - o que você gasta = tamanho da sua barriga. 7) Quando você estiver com uma roupa soltinha no metrô e alguém levanta pensado que está grávida: sente-se e agradeça. Agora se perguntar o nome, o sexo e para quando é o bebê. Responda na ordem: Samantha para daqui há quatro meses. É batata. Mas batata, só se for doce. 8) Se sopa e salada fosse tão gostoso haveria mais restaurantes especializados nisso. 9) Não importa onde você mora ou trabalha, não há restaurantes especializados em dieta. Todos querem seu dinheiro e que você coma, coma e coma. 10) Se for em um restaurante a quilo e te oferecerem um prato do tamanho de uma bandeja, não encha. Não vai ser bom para seu corpo, nem para o seu bolso ($). Em homenagem a minha amiga Monica e suas tentativas de curar uma esteatose...

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Estudando Português Sozinha

A mulher é honesta. O amigo é sincero. Orações coordenadas assintéticas Mas o marido só enxerga à sua volta indícios da traição inexistente. Oração coordenada sintética adversativa Ilha do Medo – Paranoia

Caso 39

Anunciei que falaria de "Sofrimento na Infância" mas recentemente pude reler um livro este título e me lembrei de um detalhe muito importante, ou dois. Primeiro, todo adulto foi um dia uma criança mesmo que não se lembre disso – como dizia o pequeno príncipe. A outra coisa é que não atendo ninguém com menos de 12 anos e, tecnicamente, 12 anos não é criança nem aqui nem na China. Eis o que queria dizer: vou falar dos sofrimentos da infância não na infância que eu me sinto mais firme pra falar ou escrever. Fato é que as crianças sofrem. Sofrem desde que nascem...ou pior, já nascem sofrendo. Seja normal ou cesariana o parto é, como se diz, um parto. Vejam vocês que no segundo caso elas sequer escolhem ou percebem que chegou o dia de sair. O pequeno futuro sujeito está lá nadando, dormindo ou comendo na barriga da mãe e aff...acenderam as luzes (Cruzes!) o centro cirúrgico é frio. O pulmão doi para dar as primeiras respiradas. Alguém te vira de cabeça pra baixo ou não – o que realmente não faz muita diferença quando não se sabe o que é cabeça nem o que é pra baixo. Como se não bastasse isso te futucam todo: nariz, orelha, verificam se o que viram na ultra está tudo certo mesmo. E depois de uns segundos que parecem a eternidade te colocam por alguns míseros minutinhos nos braços daquela que já conhecem a voz, o cheiro, o gosto e as batidas do coração mas que ainda não sabe que será sua mãe. Descrito assim rapidinho parece até divertido mas na vida real não é. Veja que tivemos até agora mais dor que prazer e as coisas ficam assim por um bom tempo. Não sabemos pedir o que queremos desde cedo ou quem sabe já não sabemos mesmo o que queremos. Não sou tão ruim assim em matemática. Sei que agora viria o caso ad.3 mas preferi dar uma parada e de recomendar este filme meio de terror – caso 39 – para os meus leitores. No filme ocorre algo que já aconteceu comigo, com amigos, parentes e pacientes. A criança da casa começa a dar as ordens. Vira um reizinho sem trono que chegou agora e já quer sentar na janelinha. Pega o trem da família andando e quer sentar na janela. E senta. Se a família faz o que ela quer, vive no céu. Se as pessoas a desobedecem, bem-vindo ao “hell”. Sério. Certos ditadores de menos de um metro, um metro e meio, se acham no direito de perturbar a paz de todos. Não tem essa de respeito aos mais velhos. O canal é o deles. A comida também. Os programas de final de semana e todos os detalhes das férias. Agora se resolvemos reivindicar um pouco, como pais e adultos que somos, de tempo para nós mesmos seremos fuzilados por uma culpa imensa. Devagar...devagar com o andor que o santo é de barro. Devagar com a dor porque os homens são de barro.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Gabriel - 8 anos

O "meu" Gabriel já tem bem mais de 8...fez 15 anos este ano. Próximo post: "Sofrimento na Infância" Por que você é Flamengo E meu pai Botafogo O que significa "Impávido colosso"? Por que os ossos doem enquanto a gente dorme Por que os dentes caem Por onde os filhos saem Por que os dedos murcham quando estou no banho Por que as ruas enchem quando está chovendo Quanto é mil trilhões vezes infinito Quem é Jesus Cristo Onde estão meus primos Well, well, well Gabriel... Por que o fogo queima Por que a lua é branca Por que a terra roda Por que deitar agora Por que as cobras matam Por que o vidro embaça Por que você se pinta Por que o tempo passa Por que que a gente espirra Por que as unhas crescem Por que o sangue corre Por que que a gente morre Do que é feita a nuvem Do que é feita a neve Como é que se escreve Reveillon http://www.adrianacalcanhotto.com/sec_textos_list.php?id_texto=162

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Caso ad.02

Me chamo Bruna. Na realidade minha mãe queria que meu nome fosse Flora Liz. Acho que seria legal. Com certeza seria a única. Já Bruna só na minha série tem duas. Na escola, nem sei. No face, tenho sete amigas Bruna. Ou seja. Normal. Acho que Flora Liz cairia muito melhor. Na realidade não me acho assim tão normal. Tenho uma vida meio diferente. Já morei em Recife, São Paulo, em Brasília, Nova Iguaçu e agora, Catete. Onde estou agora. Nasci no Rio. Em uma família meio grande. Somos três meninos e duas meninas. Isso já não é normal. Todo mundo que eu conheço tem um pai, uma mãe, ou dois pais, duas mães...mas quatro irmãos! Do mesmo pai e da mesma mãe...só eu. Isso já seria motivo para me considerar uma alienígena. Mas, tudo bem. Éramos muitos para pouca grana. O que acontece quando um casal de classe média resolve ter cinco filhos? Sobra menos para cada um. Menos roupas, menos sapatos, escolas mais simples etc...isso sem falar que quando tinha Toddynho era disputado a tapa...risos. (ou quase) Quando eu tinha treze anos meus pais se separaram. Sabe, acho que seria mais simples se eles se separassem antes. Com dois flhos pequenos seria bem mais fácil. Ou não. O que ocorre é que não só eles se separaram. Nós também. Com isso, ao contrário do que se poderia pensar, ficamos eu e minha irmã de quinze anos com meu pai. E minha mãe ficou em Nova Iguaçu com meus irmãos mais novos e minha avó que teve um AVC no ano passado. Eu só fui com a minha Irma porque não queria me separar dela também. De certa forma, achava que deveria defendê-la. O que é meio estranho porque mesmo sendo dois anos mais nova, me achava bem mais forte que ela. Minha irmã já estava pensando em Enem, essas coisas e o Catete era bem mais perto da escola. Hoje em dia ela faz Psicologia na UFRJ. Achei bacana mas acho que não é para mim ficar escutando os problemas dos outros o dia inteirinho...não sei como você consegue. Aff... Agora pense que eu não consigo tirar da cabeça um sonho. Ele já se repetiu varias vezes com poucas alterações. As vezes estou de carro, as vezes de moto. Acho ele muito louco. Minha irmã diz que é normal mas prometeu que, quando estudar melhor a tal da Psicanálise, ela poderá ajudar a interpretar o sonho. Sei que não ruim. Acordo feliz quando ele vem. Tenho medo de ser só um sonho. É como o contrário de um pesadelo. Lá vai: “Estou sozinha em uma casa. Uma casa sem divisórias. Só tem um cômodo e as janelas. É estranho que não se pareça com nenhum lugar que eu tenha vivido...e quando eu subo ou desço as escadas que levam a casa...elas somem! As vezes, está chovendo, as janelas de vidro começam a bater forte é meio assustador mas eu deixo. De repente, como é nos meus sonhos, apareço de moto ou carro – dirigindo. Tenho 17 anos mas só faço 18 em abril do ano que vem. Nunca pude dirigir nada alem de carrinhos de parque ou Kart. Meu pai é certinho demais para deixar. Quando eu olho para o lado, minha mãe está ao meu lado. Ela está de cabelo solto, as vezes de óculos escuros, as vezes ela prende o cabelo mas está lá. Sorrindo e nem dá opinião para onde estamos indo nem quando está na garupa da moto. Linda minha mãe”

Flora Liz

Alguns pais amorosos realmente são inspiradores em suas postagens de amor https://www.youtube.com/watch?v=bkZxbODN5zE

Caso ad.01

“Só a lembrança permite ao ser humano compreender sua existência” Marcel Lêgout Quando eu tinha 13 anos estava cursando o sétimo ano e, de repente, minha escola que estudara desde o jardim de infância começou a ficar muito diferente. Na época, tinha amigos de todos os tipos. E o maior deles Pedro Hugo. E as meninas eram bem lindas, com seus cabelos fininhos e cheirosos... A escola ficava a poucas quadras da minha casa e com o tempo minha permitia que fosse à pé, completamente só. Amava andar pelas ruas da Tijuca e perceber que já era praticamente um adulto. Os mendigos e pedintes sempre me instigaram – o que fazia as pessoas se tornarem assim? Quem eram elas? Onde estariam suas famílias? Depois das férias de Julho de 2012 coisas realmente estranhas ocorreram. Foram férias chatíssimas reduzidas a ver séries, jogar meus games prediletos e aguardar filmes bons serem lançados ou rever os clássicos. É o que nos resta uma vez que um George Lucas e suas guerras fictícias são muito raros em nossa pobre sociedade mundial. Quando retornamos as aulas, no início de Agosto, meu grupo de amigos tinha sido devastado. Incrível como trinta dias que para minha vida tinham sido tão insignificantes poderiam transformar mentes e diria até, espíritos. Paola perdeu a indesejável virgindade em Cabo Frio que segundo ela não estava nada frio. Conheceu um tal de Paulo no condomínio e agora só fala nesta criatura. Marcela foi ainda mais longe, já não era virgem e nestas férias fez como dizia aquela música meio antiga...”I kissed a girl ‘n I liked”. Se todos os problemas fossem o sexo e o rock ‘n roll estaria tudo bem. Mas o que realmente interferiu de forma violenta, bizarra em nosso grupo foram as velhas e não tão conhecidas drogas. É no mínimo interessante depois de termos ouvidos nossos pais, a televisão, os professores alertando para dizermos NÃO a elas, sempre teremos quem diga “talvez” ou até mesmo um retumbante “sim”. Veja que as coisas estão muito fora de controle por aqui. Não tenho nada contra um baseado, já fumei maconha uma vez e nem gosto muito porque tenho um sono, depois fome e depois até dor de cabeça. Além disso, tenho bronquite desde pequeno e se fumar cigarros ou qualquer outra coisa corro o risco de de ter que voltar a fazer natação – que considero o esporte mais tedioso e solitário, com todo respeito aos que a praticam. Gosto de jogar basquete, mas jogo meio mal e demoro a ser escolhido pelos times e outras humilhações semelhantes. Pois é, como eu ia dizendo, as drogas começaram a aparecer com mais frequência e além de maconha e haxixe aparecia também uns mais corajosos (ou medrosos) com bala ou doce...nomes até fofinhos para extasy e ácido. Drogas que mudam as pessoas mesmo e que misturadas com vodca e redbull transforma mesmo os mais quietos. As meninas morriam. As meninas morriam de vontade de transar e terminaram fazendo com um, com dois, com as amigas, com três. O fato é que, para alguém que não está no clima fica impossível não enxergar os perigos deste tipo de caminho. Às vezes, um ou outro vomita e já vi até mais de um deles desmaiou porque esqueceu de passar o lança, seja lá o que isso significa. Sei que aquilo tudo ficou meio demais para minha cabeça meio quadrada. Acho que já nasci velho. Gosto de usar guarda-chuva na mochila mesmo quando está sol. É um segredo meu mas bem que aproveitam a carona naquelas chuvas no final de um dia calorento. Assim fomos, eu e ele, devagarzinho ficando de fora dos programas, das festas, do cinema e finalmente mal nos falávamos na escola. Os pais deles nos olhavam com um certo ar de desespero, pedindo no olhar: “Salva a Julia”. “Dá uns conselhos para Gabi” ou “O que eu faço para que o Marcelo seja como vocês?”. Sei lá. Aquilo me dava um pouco de pena. Eram pessoas que eu costumava chamar de “tios” e “tias” e que me serviam cachorro-quente, pizza e pipoca quando éramos crianças. De alguma forma tudo aquilo me dava uma espécie de peso na consciência. Como se as escolhas erradas deles fossem um pouco de culpa minha. Ou como se meu silencio e o afastamento natural que nos abateu fosse não uma consequência mas a causa daquele sofrimento todo, daquela maluquice. Minha cabeça doía. Meu estomago doía. Dizem que o coração não dói, mas o meu era uma exceção e tinha a nítida sensação que deveria voltar, sumir ou ficar doido também mas tudo que eu conseguia era tomar meu remédio de alergia, meu remédio de bronquite ou dor de cabeça e dormir, dormir. Sinto dizer isso mas acho que queria dormir para sempre

Explicações Essenciais

Os estudos publicados nesta página são obras de ficção. Não correspondem a casos clínicos e nem devem ser utilizados como tal. Visam apenas a reflexão sobre as questões humanas recolhidas ao longo dos anos de prática profissional e dos mais de 400 pacientes atendidos por avaliação psicológica, orientação e reorientação de carreira e psicoterapia de base analítica.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Psycho Analisys


Prezados leitores: Depois de um longo período de silêncio e mudanças...preciso escrever. Gostaria de divulgar a página de meu novo projeto de vida profissional e agradecer a todos os que de alguma forma participaram da minha mudança profissional. Em três anos, consolidei minha atuação como profissional da área de saúde, psicóloga clínica e especializada em Carreira - orientação e reorientação vocacional. - E a familía? - Vai bem. Obrigada. Depois de cursar 2/3 de uma formação em Psicoterapia de Família decidi trabalhar com psicologia do trabalho, avaliação psicológica e a clínica de adolescentes e adultos. As experiências acumuladas no saudoso Unibanco por 12 anos em 5 áreas distintas: Call Center, Rede de Agências, Produtos, Projetos e Qualidade foram essenciais para meu desenvolvimento como profissional, gestora, avaliação de pessoas e realocação profissional. No facebook, divulgo vídeos e ideias mas neste espaço posso desenvolver com mais vagar, devagar, divagar.... https://www.facebook.com/psichoanalisys?ref=hl