sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Ansiedade: o mal do século?

Freud, no início de sua construção teórica, considerava que o funcionamento básico de nosso aparelho psíquico era buscar o prazer e evitar o desprazer. Errado? Não, mas certamente incompleto. Por sermos seres diferentes dos animais (onde reinam os instintos), somos capazes de suportar o desprazer em nome de um prazer maior adiante. Complementar ao princípio do prazer surgiu o princípio da realidade. Em um experimento, o pesquisador submetia crianças a seguinte proposição: “Você prefere um doce agora ou dois daqui a 15 minutos”? Apenas crianças a partir dos 6/7 anos conseguiam perceber a vantagem da pequena espera. “Esperar rende, antecipar custa” – afirma Eduardo Giannetti em seu livro “O valor do amanhã”. Crescer é abrir mão! Este esperar é o berço da civilização. Imediatismo é um problema. Podemos nos propor a viver um dia de cada vez, no aqui e agora. No entanto, se fizermos sempre a escolha de “viver como se não houvesse amanhã” podemos ser surpreendidos por um futuro nefasto. A ansiedade é um sentimento humano, tão antigo quanto a cultura. Note bem que estou me referindo a ela como um sentimento, não estado. Os noivos na véspera do casamento, o adolescente na semana do ENEM, alguém no leito do hospital a espera de um diagnóstico. Em situações como essas o estranho seria estar relaxado e sereno. É normal sentir-se ansioso. Patológico é se deixar dominar pelo medo, pela ansiedade, pela angústia. Exemplificamos com duas grandes fontes de preocupações ansiogênicas: o trabalho e o amor. Analise, por um instante, o quanto o seu patrão tem ganhado com suas crises de ansiedade. O medo de ser demitido, emails enviados e até respondidos, às 2 horas da manhã, as reuniões disfarçadas de pressão absoluta. É a doença a serviço do capitalismo. É a mais-valia da ansiedade. E no amor? Quantos exemplos de dados psicológicos que, levados as últimas consequências, podem adoecer e, literalmente matar em nome do amor. Finalmente, quero ter com uma reflexão filosófica do estoicismo, que tem como expoente Zenão de Cicio (Atenas) há cerca de 300 a.C. “O estoicismo ensina a manter uma mente calma e racional, independente do que aconteça (...) ajuda o ser humano a se concentrar naquilo que pode controlar e se preocupar e aceitar o que não pode controlar”. (significados.com) Busque ser estoico. Não se deixe derrotar pela ansiedade patológica. Que não falte coragem e humildade de pedir ajuda. Cuide-se!

domingo, 31 de outubro de 2021

Ética: uma breve reflexão

"Sê fiel a ti mesmo e nunca serás falso com ninguém". Shakespeare em Hamlet. A ética não é apenas sobre escolhas entre o certo e o errado. É sobre o que podemos entender por coerência: aquilo que você quer, é aquilo que pensa e faz. É não se condenar naquilo que pratica. Ela difere da moral porque a primeira diz respeito ao que devemos ou não devemos fazer. Como o paradigma dos 10 mandamentos. São dados de fora para dentro. Está escrito: "não roubarás", no entanto, Robin Hood vai roubar em sua ética, os ricos para dar aos pobres. A ética vem de dentro. É preciso fazer o que for melhor para si, sem ignorar o direito dos outros. Vamos a outro exemplo ainda acerca do "não roubarás". Não se trata apenas de respeitar a propriedade privada: é não roubar a paz do próximo, seus direitos ou sua própria vida. Finalmente, lembramos a máxima rotariana: "Ética é um princípio que não pode ter fim".